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PADRÃO DA DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL E A ESTRUTURA DE REDE SOCIAL DOS CASOS DE HANSENÍASE EM MENORES DE 15 ANOS EM SOBRAL, CEARÁ

Abstract
A hanseníase, doença causada pelo bacilo Mycobacterium leprae, permanece ainda, resistente às estratégias para sua eliminação como um problema de saúde pública no mundo. Estudos com técnicas de análise espacial e de redes sociais vêm sendo utilizados para ampliar o conhecimento e a compreensão da dinâmica da transmissão da doença em áreas hiperendêmicas. O objetivo geral deste estudo foi analisar o padrão da distribuição espacial e a estrutura de rede social dos casos de hanseníase em menores de 15 anos em Sobral - Ceará, no período de 2014 a 2015. Trata-se de uma pesquisa descritiva e transversal, com emprego de técnicas de análise espacial e Análise de Rede Social (ARS), conduzida em Sobral, município do estado do Ceará. A população da pesquisa foi composta de menores de 15 anos com hanseníase (casos índice), identificados nos serviços públicos de saúde a partir de demanda espontânea ou por busca ativa nos domicílios de áreas de hiperendemicidade e, ainda, na triagem de casos de hanseníase em escolas públicas do município e dos seus contatos domiciliares (CD) e contatos não domiciliares (CND). Para a coleta de dados, além de um questionário aplicado aos participantes, fez-se exame clínico da pele, esfregaço cutâneo e biópsia da lesão para os casos positivos. Foi solicitado um teste rápido para a detecção de anticorpos específicos contra o M. leprae para todos os entrevistados. Foram estudados nove casos novos de hanseníase em menores de 15 anos diagnosticados entre agosto de 2014 e setembro de 2015 e um total de 151 contatos, dos quais 36 eram CD e 115 CND. Cada caso índice apresentou 10 a 29 contatos, incluindo CD e CND. Na sequência, cada CD relatou ter contato regular com seis a trinta pessoas e cada CND relatou ter contato regular com seis a 23 pessoas. Os contatos nomeados pelos CD e CND, formaram os contatos indiretos (CI) dos casos índice e não foram entrevistados. Na análise espacial, constatou-se que os casos índice e seus contatos não domiciliares concentraram-se em áreas pobres e hiperendêmicas do município. A análise espacial, revelou, ainda, um agrupamento de infecção subclínica em um raio de 102 metros, sugerindo que a transmissão não domiciliar está relacionada à proximidade com indivíduos soropositivos. Na ARS, os casos índice e seus contatos geraram uma rede de 664 pessoas com 1.497 ligações entre eles, incluindo os contatos indiretos. Os casos índice e seus contatos sociais constituem nove subredes, com pessoas fortemente conectadas entre si e com condições socioeconômicas precárias. Casos índice, contatos domiciliares e sociais com relato de hanseníase e/ ou com a infecção subclínica causada pelo M. leprae, destacaram-se na rede social pelos altos valores da centralidade de grau e de intermediação que apresentaram. O estudo mostrou que a hanseníase está presente tanto nos contatos domiciliares como nos contatos não domiciliares e que estes vivem em sub-redes com características de rede de “mundo pequeno”, com baixa condição socioeconômica e pouca escolaridade. A investigação dos contatos deve se estender para além do domicílio, pautando-se nas redes sociais do caso.

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Type
Thesis