Tendência e perfil clínico dos casos de hanseníase em crianças e adolescentes menores de 15 anos no interior da Bahia, Brasil
A hanseníase ainda representa um desafio significativo para a saúde pública no Brasil, e sua transmissão entre crianças e adolescentes menores de 15 anos está predominantemente associada a contatos domiciliares. O monitoramento dos casos de hanseníase nesse grupo etário específico desempenha um papel crucial na vigilância da doença e nos esforços de controle. Portanto, o objetivo deste estudo foi descrever a tendência e o perfil clínico da hanseníase em crianças e adolescentes menores de 15 anos no interior da Bahia, Brasil. Trata-se de um estudo de seguimento transversal, retrospectivo, realizado em um centro de referência especializado no município de Paulo Afonso, Bahia. Os dados foram obtidos mediante consulta aos prontuários de pacientes com hanseníase menores de 15 anos, tratados e acompanhados pelo serviço entre 2008 e 2022. A taxa média de detecção de casos novos de hanseníase foi de 13,6 (IC 95%: 7,9–19,4) casos por 100.000 crianças e adolescentes. A maior frequência ocorreu na faixa etária de 10 a 14 anos, representando 62,1% dos casos. A triagem de contatos identificou 31,0% dos casos e 12,3% apresentaram algum grau de incapacidade física no momento do diagnóstico. Casos paucibacilares (77,6%) foram mais prevalentes que os multibacilares, com a forma clínica tuberculóide (56,9%). A taxa de cura foi de 96,4%. O estudo destaca a necessidade de intensificar os esforços de vigilância epidemiológica, incluindo a busca ativa de casos, especialmente entre indivíduos de 10 a 14 anos, que representam a maior proporção de casos de hanseníase. Intervenções direcionadas e campanhas educativas adaptadas a esse grupo etário são imperativas para aumentar a conscientização, a detecção precoce e o acesso aos cuidados, mitigando assim o ônus da hanseníase e prevenindo sequelas a longo prazo entre as crianças.
English Abstract
Leprosy remains a significant public health challenge in Brazil, and its transmission among children and adolescents under 15 years old is predominantly associated with household contacts. Monitoring the leprosy cases within this specific age group serves as a crucial indicator for disease surveillance and control efforts. Thus, the aim of this study wasto describe the trend and clinical profile of leprosy in children and adolescents under 15 years old in inland Bahia, Brazil.This retrospective cross-sectional follow-up study was performed in a specialized refer-ence center in the Paulo Afonso municipality, Bahia. The data were obtained from the records of leprosy patients under 15 years, treated and followed up by the service between 2008 and 2022. The mean new case detection rate of leprosy in children and adolescents at 13.6 (95% CI: 7.9-19.4) cases per 100,000. The highest frequency was in the 10- to 14-year-old age group, comprising 62.1% of cases. Contact screening identified 31.0% of cases, and 12.3% had some disability at diagnosis. Paucibacillary cases (77.6%) were more prevalent than multibacillary, with tuberculoid clinical form (56.9%). The cure rate was 96.4%. The study highlights the need to intensify epidemiological surveillance efforts, including actively searching for cases, particularly among individuals aged 10 to 14 years, who represent the highest proportion of leprosy cases. Targeted interventions and education campaigns tailored to this age group are imperative to enhance awareness, early detection, and access to care, ultimately mitigating the burden of leprosy and preventing long-term sequelae among children and adolescents.