Perfil epidemiológico da Hanseníase no Brasil entre 2017 e 2022
Introdução: A hanseníase, também conhecida como lepra, é uma doença infecciosa e contagiosa causada pelo Mycobacterium Leprae, comum ainda nos dias atuais. A Organização Mundial de Saúde a classifica em formas paucibacilares e multibacilares, sendo a última a mais grave. A via de contaminação ainda não é totalmente compreendida, mas sabe-se que a principal é a respiratória. O tratamento é realizado com antibióticos disponibilizados gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde e deve ser iniciado precocemente, a fim de prevenir danos permanentes e minimizar a transmissão da doença. Embora seja eficaz na eliminação da bactéria e na prevenção da progressão da doença, o tratamento pode não reverter deformidades já existentes. O Brasil está entre os 22 países com as maiores taxas de incidência de hanseníase no mundo e ocupa o segundo lugar em relação à detecção de casos novos. Diante desse contexto, é imprescindível analisar e traçar o perfil epidemiológico da Hanseníase no Brasil, e, a partir disso, propor medidas públicas para a erradicação da doença.
Metodologia: Trata-se de um estudo epidemiológico, do tipo observacional e descritivo, cujo os dados foram coletados na base de dados Sistema de Informações de Agravos de Notificação, no período entre 2017 a 2022
Resultados/Discussão: O Brasil possui um índice crescente entre 2017 a 2019 de pessoas diagnosticadas com hanseníase , porém houve uma queda de 2020 a 2022 que pode estar relacionada a casos subdiagnosticados devido a pandemia do COVID-19 na qual a prioridade nos serviços de saúde estava relacionada à síndrome gripal. Ao comparar as regiões do país, nota-se que o Nordeste encontra-se com um maior número de casos diagnosticados, em segundo lugar encontra-se o Centro-oeste, em terceiro lugar o Norte, estes dados podem ser justificados de acordo com os parâmetros sociais e econômicos do país, tendo em vista que o aparecimento da hanseníase está relacionado a condições socioeconômicas mais precárias. Ao analisar de acordo com o sexo, notou-se que os indivíduos do sexo masculino representam a maioria dos casos, isso esta relacionado à menor adesão dessa parcela da população nas unidades de saúde. Ao analisado a frequência de casos de hanseníase com o nível de escolaridade, observou que 47% dessa população é composta por analfabetos e indivíduos com ensino médio incompleto, enquanto apenas 5% do público tem o ensino superior, mesmo que incompleto, assim , nota-se que essa patologia tem uma maior prevalência em níveis de escolaridade mais baixos. Também foi visto elevado número de casos de hanseníase de 2017 a 2022 em pacientes de 0 a 14 anos, este dado reflete como indicador da expansão e a gravidade da doença, assim infere-se que as políticas de controle e prevenção da doença não estão sendo efetivas. Nesse contexto, observa-se que o Brasil ainda é um país de grande foco de hanseníase, assim precisando de melhores políticas de intervenção desta patologia.
Considerações Finais: A hanseníase é uma doença negligenciada que afeta populações vulneráveis. Para combatê-la, é necessário que o governo aloque mais recursos financeiros e humanos, promova campanhas publicitárias, capacite profissionais de saúde e intensifique programas de saúde do homem. Com essas estratégias e o manejo adequado da doença, é possível erradicá-la no território nacional.
English Abstract:
Introduction: Leprosy, also known as Hansen's disease, is an infectious and contagious disease caused by Mycobacterium leprae, which is still common nowadays. The World Health Organization classifies it into paucibacillary and multibacillary forms, with the latter being the most severe. The route of transmission is not yet fully understood, but it is known that the main route is through respiration. Treatment is carried out with antibiotics provided free of charge by the Unified Health System, and should be initiated early to prevent permanent damage and minimize disease transmission. Although effective in eliminating the bacteria and preventing disease progression, treatment may not reverse existing deformities. Brazil is among the 22 countries with the highest incidence rates of leprosy in the world and ranks second in relation to the detection of new cases. Given this context, it is essential to analyze and trace the epidemiological profile of leprosy in Brazil, and from this, propose public measures for the eradication of the disease.
Methods: This is an epidemiological, observational, and descriptive study, whose data were collected in the Notification Aggravating Information System database, between 2017 and 2022.
Results/Discussion: Brazil has an increasing rate of people diagnosed with leprosy from 2017 to 2019, but there has been a decrease from 2020 to 2022, which may be related to underdiagnosed cases due to the COVID-19 pandemic, in which health services' priority was related to flu-like syndrome. When comparing the country's regions, it is noted that the Northeast has a higher number of diagnosed cases, followed by the Midwest, and then the North. These data can be justified according to the country's social and economic parameters, considering that the appearance of leprosy is related to more precarious socio-economic conditions. When analyzing by gender, it was noted that male individuals represent the majority of cases, which is related to the lower adherence of this population segment to health units. When analyzing the frequency of leprosy cases by level of education, it was observed that 47% of this population is composed of illiterate and individuals with incomplete high school education, while only 5% of the public have higher education, even if incomplete. Thus, it is noted that this pathology has a higher prevalence in lower levels of education. There was also a high number of leprosy cases from 2017 to 2022 in patients aged 0 to 14 years, reflecting as an indicator of the disease's expansion and severity, suggesting that disease control and prevention policies are not effective. In this context, it is observed that Brazil is still a country with a significant focus on leprosy, requiring better intervention policies for this pathology.
Conclusion: Leprosy is a neglected disease that affects vulnerable populations. To combat it, it is necessary for the government to allocate more financial and human resources, promote advertising campaigns, train health professionals, and intensify men's health programs. With these strategies and adequate disease management, it is possible to eradicate it in the national territory.