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HANSENÍASE: DETERMINANTES CLÍNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS PARA A OCORRÊNCIA DE LESÃO NERVOSA, REAÇÃO E INCAPACIDADE FÍSICA EM PACIENTES DIAGNOSTICADOS NO NORTE DO TOCANTINS

Abstract

A hanseníase é uma enfermidade causada pelo Mycobacterium leprae, um parasito intracelular que afeta a pele e os nervos periféricos e pode ocasionar deficiências físicas nos indivíduos doentes; permanecendo como problema de saúde pública no Brasil. Visando auxiliar na implementação de políticas públicas preventivas para deficiências físicas, este estudo é voltado para a caracterização clínica epidemiológica e a identificação de fatores determinantes para ocorrência de lesão nervosa, reações hansênicas e incapacidade física em indivíduos acometidos por essa enfermidade na região norte do estado do Tocantins. Foi realizado um estudo transversal, analítico e descritivo, utilizando os dados de 174 pacientes nunca tratados e diagnosticados durante os anos de 2017 a 2020 em um hospital de referência para tratamento da hanseníase no Tocantins. A coleta das informações deu-se a partir do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), de prontuários médicos e da Ficha de Avaliação Neurológica Simplificada em Hanseníase. Foram coletadas as variáveis sociodemográficas e clínicas e a análise deu-se por meio do programa Epi Info. Posteriormente, foi realizada a descrição das variáveis e a utilização dos testes Qui-quadrado e o Exato de Fisher, para determinar as variáveis com significância estatística. A Razão de Chances (OR) com Intervalo de Confiança (IC) de 95% (p ≤ 0,05) foi usada para identificar os fatores de risco para dano nervoso, reação hansênica e incapacidade física. A maioria das amostras foi constituída por indivíduos do sexo masculino, raça pardo/preto, baixo nível de escolaridade, vivendo em zona urbana na cidade de Araguaína e ocupando profissões diversas. Foi frequente a classificação multibacilar (118/174), e a presença de alguma incapacidade física no diagnóstico (95/174). A associação das variáveis sociodemográficas e a ocorrência de dano neural e de reações hansênicas não mostrou significância estatística; entretanto as variáveis clínicas: classificação multibacilar (OR 6,96; p<0,001), forma boderline (OR 21,67; p=0,021) e ter múltiplas lesões (OR 10,94; p=0,012) apresentaram relevância estatística para lesão nervosa; e as variáveis forma lepromatosa (OR 4,64; p=0,009) e baciloscopia positiva (OR 6,14; p<0,001) foram estatisticamente significativas para reações. Quanto às incapacidades físicas, foram fatores de risco as variáveis faixa etária de 30-59 anos (OR=3,33; p=0,028) e ≥ 60 anos (OR=16; p<0,001), aposentado (OR=13,87; p<0,001), lavrador (OR=4; p=0,038), classificação multibacilar (OR=4,47; p<0,001), formas lepromatosa (OR=8,33; p=0,009) e neural primária (OR=27; p<0,001), ter mais de 5 lesões cutâneas (OR=2,24; p=0,022), ausência de reação hansênica (OR=5,87), dano nervoso (OR=9,15; p=0,002) e ter mais de 2 nervos acometidos (OR=2,87; p=0,012), destacando o nervo radial (OR=2,70; p=0,002). Observou-se a predominância de casos multibacilares com desordens neurológicas, presença de reações e deficiências físicas no diagnóstico. Destaca-se o alto risco de incapacidades nos indivíduos com hanseníase neural primária e nos idosos com formas clínicas graves. Tais achados demonstram uma falha na detecção precoce, progressão da doença e transmissão continuada. Enfatiza-se a necessidade de mais campanhas de conscientização sobre a hanseníase e suas complicações neurológicas na comunidade, diagnóstico precoce e capacitação constante dos profissionais de saúde com atenção à avaliação e monitoramento nervoso.

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Type
Thesis